quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Paradigma X Paradoxo


Sempre analisamos a vida, idealizando e acreditando em determinadas coisas movidos por sentimentos, criações, religiões, ideologias, crenças ou qualquer outro que for, no entanto “essa vida” nos faz divergir constantemente (quase diariamente) de nossas próprias idéias e crenças, talvez por isso seja tão fantástica e extraordinária. Nós entramos em conflito com o nosso existir como se fosse (pra mim já é) normal.
Acredito que este seja o propósito da vida, nós precisamos de guerra, não há graça em viver em paz, nem comigo nem com ninguém. Necessitamos de guerra no nosso interior.

No que se trata da minha citação “Necessitamos de guerra no nosso interior”, é claro que não foi uma comparação literal a guerra, no sentido de luta armada, canhão, pistolas, sangue e carnificina. Fiz apenas uma alusão a guerra no sentido de conflito, discordância, divergência.

Necessito de guerra, necessito estar em movimento, necessito discordar, divergir. Necessito contrariar, nem que seja a mim mesma, e daí? Enquanto puder e for capaz vou contrariar mesmo, principalmente quando possuir argumentos e fatos a meu favor, e se não os possuir que se dane. Lógico que concordarei como já o fiz muitas vezes. Abaixarei a cabeça sim, não sou a dona da verdade, nem prepotente a ponte de querer dar sempre a última palavra.
Por tanto, pode ter a certeza que decretarei guerra sempre que possível. Hei de endurecer, mas sem perder a ternura, como alguém já disse. Não quero ter uma única opinião, não quero ser só a favor, nem ter uma só palavra.
O que quero é ter várias opiniões, ser a favor e contra, ter uma ou dez palavras.
Quero correr lentamente e caminhar veloz.
Quero gostar, desgostar e voltar a gostar sem nenhum arrependimento.
Quero tomar sorvete e café juntos, ao mesmo tempo ouvir música, ver TV e ler.
Quero assoviar e chupar cana.
Quero ser uma santa inconseqüente e uma delinqüente canonizada.
Quero ser como um bambu, duro de ser partir e flexível para curvar-se ao chão.
Quero pegar sem pedir e doar sem saber, sorrir sofrendo e amar odiando.
Pode ser que me achem uma louca e “estranha”, mas é isso, nada de mais nem de menos, nem muito nem pouco, muito menos na média.
Quero iniciar do meio, ir para o final e terminar no começo.
Quero gostar de Chico Buarque e Racionais com a mesma intensidade, ser uma normal descomunal.
Só desejo ser facilmente compreendida e dificilmente interpretada.
Não sei se entenderam, ou se disse muita besteira, mas usei tudo que me veio a mente para lhes transmitir a minha concepção de guerra.
Finalizando, eu não quero ser um “paradigma” e sim um “paradoxo” e talvez assim eu encontre uma maior serenidade dentro de mim.

Um comentário:

Paulinho Cardoso disse...

Fantástico este texto. Inclusive já me referi sobre ele né?! Lembra-se? De modo que ao relê-lo tempos depois, ainda desperta em mim o mesmo desejo de pô-lo em debate.
Porém, a intesidade de seus pensamentos, sentimentos e opiniões expressas nestas linhas, conduz à necessidade de um debate com delongas de preferência numa mesa de bar, a tal conversa de butequim. Com algumas cervejas pra iluminar nossa van filosofia e aflorar as discussões... Topas?! Paz!